sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Uma real e profunda reforma curricular

Um leitor, a quem, desde já, agradeço, alertou-nos para o facto de no dia 8 deste mês ter sido aprovada na Assembleia da República a "resolução de abertura de um processo de debate com vista à definição de objetivos para uma real e profunda reforma curricular":
Resolução da Assembleia da República n.º 17/2016  
A Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição, recomendar ao Governo que inicie um processo de reflexão e debate democrático amplo e alargado a toda a comunidade educativa, de modo a que se definam objetivos para uma real e profunda reforma curricular.
Aprovada em 8 de janeiro de 2016.
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues
Situando-me na Escola Pública, a escola que é para todos,

- digo sim se essa reforma curricular se traduzir num compromisso simples e honesto entre o Ministério da Educação, as Escolas e os Professores em ensinar às crianças e aos jovens o que, para seu próprio bem, a escola tem o dever de lhes ensinar e de modo que eles efectivamente aprendam. Será uma "profunda reforma curricular" centrada no "currículo que se ensina" e no "currículo que se aprende", que nessa medida, passará despercebida, sem suscitar títulos de jornais, sem se socorrer de estratégias demagógicas, sem ter ganhos eleitorais.

digo não se essa reforma curricular se traduzir na recorrente insistência em revogar e homologar mais umas dezenas de documentos curriculares, que se irão juntar às muitas centenas de orientações e de directrizes acumuladas (e esquecidas) na página online da Direcção Geral da Educação. É certo que o "currículo que se determina" tem de se encontrar actualizado, mas também tem de ser estável e, sobretudo, tem de assentar numa reflexão filosófica segura e em conhecimento pedagógico e disciplinar fiável. A determinação política do currículo não pode (não deveria) continuar a depender como depende da orientação partidária de momento e do interesse que lhe está agregado de ostentar a ideia de mudança inequivocamente melhor do que a anterior.

4 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Talvez não venha a propósito...
mas, hoje, o meu neto
ensinou-me uma forma
de premiar o mérito

e, sobre seu escrito
pode tirar um colante:
aprovo

Anónimo disse...

Agradecimentos aceites!
A uma reforma real e profunda nunca deverá escapar o abordar da questão do Acordo Ortográfico e da própria terminologia linguística.
Não esquecer que o 1º Ministro já admitiu num debate televisivo que apesar de discordar do AO90, não pensa mexer na questão. E desculpa-se, comparando o AO90 com a reforma de 1945, que ele próprio viveu. O que é uma cretinice! Com esta gente o progresso vem sempre com a mudança, cuidado!

Maria Nazaré de Souza Oliveira disse...

Absolutamente de acordo condigo, Profª Helena Damião.



Miguel disse...

Dados: entre 2000 e 2009 Portugal estava a progredir a olhos vistos. A partir de 2009 estagnou. Estou curioso para ver os resultados do PISA 2015 para aferir mais sobre o período 2012-2015. Se os resultados se mantiverem estagnados ou regredirem, poderemos tirar conclusões sobre os programas que estavam em vigor antes e os que estiveram após "a crise". Não se brinque aos "achismos" sem dados. Eles existem, usem-se para se chegar a consensos.

http://www.aqeduto.pt/foruns-aqeduto/

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