quinta-feira, 28 de outubro de 2010

João Baptista Carbone (1694 - 1750)


Texto recebido da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra relativo a um dos cientistas portugueses que foram membros da Royal Society de Londres (exposição na Biblioteca Joanina a inaugurar a 15 de Novembro):

Astrónomo. Foi eleito membro da Royal Society em 6 de Novembro de 1729.

Padre jesuíta, natural de Nápoles, Itália, veio para Portugal em 1722, onde permaneceu durante 28 anos, até à sua morte. Foi bastante próximo do rei D. João V, que tinha em alta consideração os seus conhecimentos de astrónomo e que lhe mandou erigir um observatório astronómico em Lisboa, no Terreiro do Paço, apetrechado com os melhores instrumentos comprados no estrangeiro. Recebeu o título de matemático régio e foi reitor do Colégio de Santo Antão, em Lisboa, onde contribuiu para a instalação do observatório astronómico dessa famosa escola da Companhia de Jesus.

Efectuou inúmeras observações astronómicas. Dez das mais importantes foram comunicadas à Royal Society por Sequeira Samuda e Castro Sarmento, tendo sido publicadas nas Philosophical Transactions entre 1724 e 1730. A primeira observação publicada foi realizada em colaboração com o padre italiano Domenico Capacci (1694-1736), que esteve em Portugal entre 1722 e 1729, e foi apresentada à Royal Society por António Galvão de Castelo Branco. Fez também chegar à sociedade observações de outros sábios portugueses e estrangeiros.

Teve um papel fundamental na entrada de Portugal nos meios científicos internacionais no que respeita à astronomia, estabelecendo relações com algumas das mais altas personalidades dessa área de investigação, tais como Bradley, Cassini e Maraldi, Molineaux, Delisle e Bianchini.

Artigos do Padre Carbone publicados nas Philosophical Transactions (e contemporâneos da construção da Biblioteca Joanina):

- Observatio Lunaris eclipsis habita Ulyssipone in Palatio Regio Die 1. Novembris 1724. Communicante Excellentissimo Domino, Dno de Galvaon… Philosophical Transactions. London. 33 : 385 (1724) 180-185.

- Meridianorum Ulyssiponensis, Parisiensis & Londinensis differentia... ad Isaacum Sequeyra Samuda…
Philosophical Transactions. London. 33 : 385 (1724) 186-189.

- Observationes astronomicae habitae Ulyssipone, anno 1725, & sub init. 1726… Communicante Isaaco Sequeyra Samuda… Philosophical Transactions. London. 33 : 394 (1726) 90-92.

- De poli elevatione Ulyssipone
. Philosophical Transactions. London. 33 : 394 (1726) 92-95.

- Observationes altitudinum Solis meridianarum ad poli elevationem investigandam Ulyssip.
Philosophical Transactions. London. 33 : 394 (1726) 95-100.

- Observatio Solaris deliquii celebrati die 25. Septemb. 1726. habita Ulyssipone in Observatorio Regii Palatii. Philosophical Transactions. London. 35 : 400 (1727) 335-338.

- Lunaris eclipsis celebrata die 10. Octob. an. 1726. & in Observatorio Collegii D. Antonii Magni observata ab Eodem. Philosophical Transactions. London. 35 : 400 (1727) 338-342.

- Observationes astronomicae habitae Ulyssipone, anno 1726… Communicante Isaaco Sequeyra Samuda…
Philosophical Transactions. London. 35 : 401 (1728) 408-413.

- Observationes astronomicae…communicante Is. de Seguera Samuda…
Philosophical Transactions. London. 35 : 403 (1728) 471-479.

- Observatio Lunaris eclipseos, Ulissipone habita die 2 Februarii, an. 1730, N. S. in Collegio Divi Antonii Magni... Ex ejusdem Cl. Viri Epistola ad Jacobum de Castro Sarmento…
Philosophical Transactions. London, 36 : 414 (1730) 363-365.

1 comentário:

Anónimo disse...

As informações biográficas de João Batista Carbone (1694-1750) são decisivas para entendermos como D. Luiz da Cunha consolidou os argumentos para que Alexandre de Gusmão conduzisse a negociações do Tratado de Madrid. Os estudos do padre Carbone e do cartografo e também astrónomo Domingos Capacci (1694-1736) foram de grande importância para a expansão territorial do Brasil, matéria pouco debatida, mas sem entender o que se passou entre 1715 (Tratado de Utrecht) e 1730 quando Alexandre de Gusmão chega a secretario de D. João V, não é possível entender o fenómeno do Barroco no sertão do Brasil e muito menos a anexação das terras a oeste do meridiano de Tordesilhas. Sem a contribuição deste padre não teríamos a heroica historia social da cultura brasileira que enquadramos como o Estilo Barroco mineiro.

NOVA ATLÂNTIDA

 A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à info...